segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Bitolas e formatos de filmes

O objetivo deste artigo é oferecer noções básicas sobre bitolas e formatos de filmes, sem qualquer pretensão de esgotar o assunto. São discutidos, principalmente, os aspectos técnicos relativos a este tema, sem discutir-se implicações estéticas, práticas e econômicas envolvidas em sua utilização.

BITOLA

Bitola refere-se à largura da película cinematográfica, expressa em milímetros. Assim, quando se diz que um filme é “em 35″, por exemplo, está-se dizendo que o filme está registrado em uma película cinematográfica cuja largura é igual a 35mm.
As bitolas mais comuns em cinema são as 8mm, 16mm, 35mm e 70mm, sendo que as bitolas “intermediárias”, ou seja, a 16 e 35mm, são as mais utilizadas comercialmente. A bitola 8mm foi bastante popular durante um certo tempo, principalmente para registros de filmes domésticos e amadores. Com a chegada dos videocassetes, no entanto, passou-se a dar preferência a esses últimos, com o que o 8mm caiu em desuso.
A bitola 70mm foi introduzida na década de 1950 e foi a bitola de preferência para grandes produções. Além de proporcionar uma melhor qualidade de imagem, os filmes em 70mm também apresentavam vantagens em termos de som, já que nelas a trilha dos filmes era gravada magneticamente, possibilitando uma melhor qualidade sonora e a utilização de som estereofônico. No entanto, devido aos seus custos significativamente superiores à bitola 35mm, tanto na produção quanto na exibição dos filmes, ela acabou entrando em desuso, sendo poucas as salas que ainda a utilizam comercialmente.
A bitola 16mm foi bastante popular como suporte para divulgação de filmes educativos e experimentais, especialmente em exibições temporárias e sem caráter comercial, devido ao menor volume de equipamentos de projeção e da película, o que facilitava o transporte e o armazenamento de ambos. Com a chegada do videocassete, no entanto, passou-se a dar preferência à utilização de audiovisuais registrados em vídeo em lugar do 16mm.
A bitola 16mm continua sendo usada em algumas produções cinematográficas, devido a algumas vantagens sobre a bitola 35mm. O menor custo dos equipamentos e dos negativos cinematográficos representa uma economia para as produções, e o menor tamanho e peso da câmera possibilitam uma maior agilidade aos cineastas – isso com uma qualidade de imagem ainda superior à oferecida pelas tecnologias de vídeo. Essas vantagens fazem com que seja relativamente comum a utilização da bitola 16mm durante a filmagem, com a posterior transferência do produto final para vídeo, DVD ou então em sua ampliação em laboratório cinematográfico para a bitola 35mm, este sim o formato mais utilizado comercialmente.
A bitola 35mm pode ser considerada o padrão da indústria cinematográfica, já que é a mais utilizada em filmagens, além de ser encontrada em praticamente todas as salas de exibição comerciais. Ela possibilita uma qualidade de imagem superior à da bitola 16mm, oferecendo também a possibilidade de produção de filmes em diversos formatos, a um custo significativamente inferior ao da bitola 70mm.
Além disso, a partir do desenvolvimento do som Dolby Stereo na década de 1970 e, mais recentemente, do som digital, é possível obter uma excelente qualidade de reprodução sonora dos filmes em 35mm.
A proporção entre os quatro formatos discutidos acima é demonstrada pela ilustração abaixo:


Independente de aspectos práticos e econômicos existe um aspecto que está intimamente ligado à bitola na qual é produzido um filme: a definição da imagem. Seja qual for a bitola utilizada, o material com o qual é feita a película cinematográfica é sempre o mesmo: uma membrana plástica na qual é depositada uma camada de cristais de prata sensíveis à luz, a “emulsão”. Como a emulsão é a mesma, com definição da ordem de 50 linhas por milímetro de película, quanto maior for a área do fotograma no qual estiver registrada uma imagem, maior será a definição desta imagem durante sua projeção na tela. Ou seja, fotogramas de maiores dimensões possibilitam a projeção de imagens maiores, com menor taxa de ampliação e, conseqüentemente, menor chance de os grãos de prata da emulsão da película serem percebidos pelos espectadores.
Isso pode ser conferido na tabela abaixo, onde são comparadas, para cada bitola, a área da imagem cinematográfica registrada – ou a área do fotograma – e a taxa de ampliação requerida para a projeção desse fotograma em uma tela, mantendo-se fixa a altura da imagem projetada, e variando-se sua largura em função do seu formato de projeção.



Os diferentes formatos são projetados utilizando-se, nos projetores, janelas e lentes de projeção adequadas ao formato no qual foi produzido o filme, buscando-se manter constante a altura da imagem projetada e variando-se apenas sua largura. Caso isso não aconteça, pode acontecer de a imagem “vazar” na tela ou, o que é mais comum, que ela seja “cortada” durante a projeção.
Seja qual for a bitola ou o formato utilizado por um filme, é importante lembrar que esses aspectos representam uma escolha pessoal dos realizadores, que produzem os filmes buscando tirar partido das peculiaridades de cada uma delas. Assim, independentemente das características das bitolas e formatos, o que importa é a forma como elas foram utilizadas no filme, não havendo sentido em julgar sua qualidade em função das técnicas e processos utilizados.


Link de interesse:
One hundred years of Film Sizes
http://www.xs4all.nl/~wichm/filmsize.html
Texto de Osvaldo Emery

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