Ambientação bem definida, personagens cativantes e uma ideia clara de como suas histórias podem se desenvolver e se sustentar ao longo dos anos. De acordo com consultores de Hollywood que participaram da segunda etapa do primeiro Programa Globosat de Desenvolvimento de Roteiristas, no Rio de Janeiro, esse é o perfil de roteiro que os estúdios e canais procuram na hora de selecionar suas atrações.
Em entrevista a este noticiário, Dan Halsted, criador e presidente da agência Manage-ment, Eric Rovner, agente sênior da WME (William Morris Endeavor), e Nancy Josephson, sócia da WME, falaram sobre o que faz o projeto de uma série se tornar atrativo comercialmente no mercado de televisão, do espaço para produções nacionais no mercado internacional e de suas expectativas para a expansão do mercado brasileiro de audiovisual.
De acordo com os entrevistados, os canais buscam projetos com maior chance de ficar no ar por um longo período. Por isso, para ser comercialmente atraente, além de estar adequado à programação do comprador, um projeto precisa apresentar o universo da trama, seus personagens e uma ideia clara de como a história irá se desenvolver ao longo dos anos.
“Toda empresa bem sucedida, quando ouve o roteirista apresentar seu projeto, quer saber como esse programa pode se sustentar durante vários anos no ar. Se eu, como companhia, decidir fazer um investimento de US$ 10 milhões, por exemplo, eu quero saber onde isso irá me levar e como eu posso manter isso no ar por cinco, seis, dez anos, pois é ai que está o ganho”, diz Halsted. “Na apresentação do projeto, acho que é um erro comum focar apenas no episódio piloto. O piloto é apenas um episódio. A chave é o roteirista saber como seus personagens e a história vão evoluir e como o mundo a sua volta vai suportar essas mudanças”, complementa.
De acordo com Nancy, “nos Estados Unidos, geralmente quando você vai apresentar um projeto você mostra o mundo da série. Você diz: eu quero fazer uma série nesse mundo e esses são os personagens que eu quero mostrar. Seu nome é Don Draper (personagem principal de Mad Men) e ele é um homem de família que tem um caso fora do casamento. E então você mostra para onde vão esses personagens, como será sua vida e sobre o que a atração quer falar. Do episódio um ao episódio cem, você conta a mesma história e a série segue.”
Brasil no mercado internacional
Para os executivos, é provável que ocorra uma aproximação entre os mercados brasileiro e americano conforme a produção brasileira se desenvolve. A relação, dizem, tende a ser benéfica para ambos. O contato com mercados mais maduros pode ajudar no processo de profissionalização da produção local, enquanto produções melhores aumentam os ganhos com exportação de conteúdo brasileiro.
“Acredito que existam oportunidades imensas. E o fato de termos essa conferência aqui, mostra uma sabedoria do mercado local de ir até as pessoas que fazem isso há mais tempo. Nós sabemos como criar shows para TV que ficarão mais tempo no ar. E eu acho que há uma oportunidade imensa de criar atrações para TV que farão sucesso aqui no Brasil e também no mundo todo”, diz Nancy. “Estamos muito empolgados. Nossa companhia tem um pensamento muito global e tem alguns mercados para os quais olhamos, como China, Europa e temos também um foco nas américas, especificamente no Brasil. Percebemos um potencial grande na indústria criativa...e essa é a primeira vez que percebemos um diálogo especificamente relacionado a televisão. Com filmes já havia algo acontecendo aqui, mas com a TV é um relacionamento que ainda não existe e por isso estamos abertos e entusiasmados com a possibilidade de fazer mais isso”, completa Rovner.
Dan Halsted acredita que a busca por coproduções deve aumentar com o desenvolvimento do mercado. “Acredito que o que muitos executivos, assim como eu, buscam aqui, é a possibilidade de fazer coproduções. Conforme o mercado recebe mais incentivo e a qualidade dos roteiristas, atores, diretores e da produção aumenta, é provável que você veja mais estúdios e gente como eu aqui procurando por chances de fazer coproduções”.
Para Halsted, a língua pode ser uma barreira para exportação do conteúdo, uma vez que o português não é falado em muitos países. Por isso, ele aposta na criação de versões internacionais de produções brasileiras. “Devido a barreira da língua, é difícil exportar a produção original. Dito isso, se você olhar para o que tem acontecido nos Estados Unidos com produções como Homeland, The Office e The Killing, você percebe que o mercado está procurando por produções de outros países para criar adaptações”.
De acordo com Nancy Josephson, historias universais, com as quais telespectadores de todo o mundo pode se relacionar, são as mais adequadas para o mercado internacional. “Comédia é tradicionalmente muito difícil de exportar, porque costuma incorporar muitos elementos locais. São (os mais adequados) dramas, como drama policial, ficção científica, boas histórias de família. Como Avenida Brasil, com uma história de vingança. O tipo de história que acontece em todo lugar.”
Fonte Tela Viva News por Leandro Sanfelice.
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